A famosa cascata do leceiro João Cafoca volta a ganhar vida, 30 anos depois, com a exposição “Memórias da Cascata de João Cafoca”, no Museu da Memória de Matosinhos.
A inauguração realizou-se no passado sábado, 20 de maio, em plena romaria do Senhor de Matosinhos e com a presença da presidente da Câmara, Luísa Salgueiro, da vereadora Marta Pontes e do presidente da União das Freguesias de Matosinhos e Leça da Palmeira, Paulo Carvalho.
A cascata é uma representação popular dos locais, monumentos e figuras típicas da Leça da Palmeira de antigamente, que inclui cerca de uma centena de peças e bonecos em madeira e cartão construídos de raiz nos últimos cem anos por três gerações da família Soares, bem como documentos, fotos e vídeos. Um projeto que tem como objetivo (re)visitar antigos usos e costumes leceiros, e dar a conhecer os principais segredos por detrás desta atividade.
A magia está no ar com a luz, cor e movimento da cascata, bem como com dezenas de saudosas figuras típicas leceiras, esculpidas magistralmente a canivete por João Cafoca, nomeadamente o senhor José Enfermeiro, o Rita, o poeta de Leça, o Ti Chico Funileiro, a Ti Guilhermina do Praga, a Rainha das Broinhas, ou o amolador “Arreia o Guincho”.
João da Silva Ferreira Soares (1927-2006), também conhecido por João “Alfaiate” ou João “Cafoca”, alfaiate, artesão e poeta popular de Leça da Palmeira, cumpria anualmente a tradição de construir cascatas sanjoaninas, maioritariamente na Rua das Icas, no lugar da Amorosa, que fascinaram e alimentaram os sonhos de várias gerações de crianças.
A cascata foi sendo construída de forma mais assídua, entre 1963 e 1994, incorporando ainda elementos anteriormente elaborados pelo seu pai Francisco Ferreira Soares e pelo seu avô João Augusto Ferreira Soares, tornando-se uma referência emblemática na cultura popular de Leça da Palmeira.
O legado familiar destas três gerações de cascateiros, consubstanciado nas centenas de elementos que compunham a cascata, bem como por um registo documental e audiovisual, foi doado pelos descendentes à Autarquia, em 2020.
A mostra está patente ao público até 13 de agosto com o seguinte horário: terça a domingo, incluindo feriados, das 10 às 13 horas e das 15 às 18 horas.