Há muito que as instalações da Ágrima- Cooperativa Agrícola de Matosinhos, na Rua 1º de Maio, em Matosinhos, datadas de 1966, deixaram de ter condições para a expansão necessária de serviços e produtos.
Além da venda de produtos agrícolas, produtos fitofármacos e medicamentos de uso veterinário, a Ágrima presta serviços nas áreas de aconselhamento agrícola, formação profissional, candidaturas a subsídios, sanidade animal, inseminação artificial e contraste leiteiro.
A solução recaiu na construção de um armazém de raiz em Lavra, freguesia onde estão concentrados cerca de 60% dos agricultores e produtores de leite do concelho.
O terreno, com uma área de 4800 m2, localizado na Rua de Avilhoso, foi adquirido pela Câmara Municipal de Matosinhos, mas foi arrendado à Ágrima por um período de 20 anos.
Em 2013 foi lançada a primeira pedra, mas somente hoje foi inaugurado o armazém, assinalando o centenário da lavoura em Matosinhos.
O processo foi longo e marcado por inúmeros constrangimentos, sobretudo no período da Troika em Portugal, conforme explicou o arquiteto municipal Alexandre Queimado, autor do projeto inicial (concluído mais tarde pelo arquiteto Pedro Costa).
O novo edifício representa para o presidente da Ágrima, Fernando Hora, “um sonho concretizado”. “Com este equipamento, estamos mais bem preparados para servir os agricultores e estamos a contribuir para a valorização deste setor tão importante para a região e para o país”, referiu.
Só em 2023, o volume de negócios neste setor em Matosinhos foi de 9,9 milhões de euros. 12,4 milhões de litros de leite foram produzidos no ano passado no concelho.
O presidente do conselho de administração da AGROS e da CONFAGRI, e vice-presidente da COGECA (Confederação Geral das Cooperativas Agrícolas Europeias), Idalino Leão, salientou que “o setor agroalimentar tem desafios transversais à Europa”, decorrentes da guerra na Ucrânia e da insegurança geopolítica, que se traduzem no aumento de custos das rações, fertilizantes, energia e combustíveis. Mais apoios ao nível da sanidade animal, a possibilidade de utilização de produtos locais no fornecimento às cantinas escolares e a necessidade de os agricultores estarem igualmente abrangidos pelos benefícios do Fundo Ambiental.
Já a presidente da Câmara Municipal de Matosinhos e presidente da Associação Nacional de Municípios Portugueses, Luísa Salgueiro, destacou o “peso da agricultura na nossa economia” e a sua importância na qualificação do território. A edil elogiou ainda o trabalho desenvolvido em articulação com os agricultores do concelho na construção do futuro Parque Rural de Matosinhos, um dos projetos mais estruturantes do Plano Diretor Municipal.
O objetivo é criar uma rede de caminhos rurais para andar a pé ou de bicicleta, através do reordenamento e da requalificação das áreas de acesso aos campos agrícolas, mantendo-se e respeitando a identidade dos atuais usos ligados à atividade agrícola.
Já o secretário de Estado das Florestas, Rui Ladeira, lembrou que “80% do nosso território é agrícola e é florestal”, defendendo a necessidade de atrair mais jovens para o setor, de simplificar e desburocratizar processos, e de aumentar os rendimentos dos agricultores.
Fonte/Foto: CM Matosinhos