A Câmara Municipal de Matosinhos concretizou, este mês de novembro, uma antiga aspiração de muitos matosinhenses com a aquisição pelo município dos terrenos onde se situa o sítio arqueológico do Castro do Monte Castêlo, em Guifões. Trata-se de um monte, junto à margem esquerda do rio Leça, com uma área com cerca de oito hectares de extensão, que está classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1971, pelo Decreto 516/71 de 22/11. Os terrenos que entram agora na posse do município abrangem cerca de 80% da superfície total da área arqueológica total.
Este é o principal sítio arqueológico do concelho de Matosinhos, onde se encontram elementos que documentam a ocupação deste local desde o momento que remonta ao período anterior à romanização e que terá tido um importante desenvolvimento a partir do século I, com a integração desta região no Império Romano. Já em época posterior à desagregação do império romano, durante a Alta Idade Média, está documentada a existência de um pequeno castelo senhorial no alto deste monte, assim como marinhas de extração de sal na sua base junto ao estuário do rio Leça.
Apesar da importância patrimonial deste sítio arqueológico, ele manteve-se ao longo das últimas décadas inacessível, quer à investigação científica, quer ainda à valorização patrimonial e usufruto público. Apesar desta limitação foi possível desenvolver, desde 2016, em cooperação com a Faculdade de Letras da Universidade do Porto, um projeto de investigação em Arqueologia numa área contígua, pertencente à APDL, que tem trazido resultados muito significativos para o conhecimento deste local durante a Antiguidade.
A aquisição dos terrenos do Monte Castêlo irá assim possibilitar a continuação da investigação arqueológica sobre as origens remotas de Matosinhos. Desta forma, o sítio arqueológico do Monte Castêlo passará também a integrar o circuito do Corredor Verde do Leça, uma vez que a 3ª fase deste percurso passará junto ao sopé deste monte.
O lugar do Castro do Monte Castêlo em Guifões (Matosinhos) é um ponto fulcral para a história de Matosinhos e da região da Área Metropolitana do Porto. Efetivamente é aqui que se localizam as raízes enterradas da primeira povoação de Matosinhos, tendo sido habitada desde antes do século V antes de Cristo até ao século V da Era cristã. Por toda a área do Monte, desde o topo até à base, junto ao Rio Leça, existem indícios de estruturas arqueológicas enterradas definidas por alinhamentos de alicerces, plataformas artificiais e materiais à superfície.
Fonte/Foto: CM Matosinhos